O tipo de agulha ideal para você. Parte I - O Tipo

Olá, seres vivos.

Antes de começarmos o post, gostaria de avisar que tudo o que está escrito aqui é somente a minha opinião e experiência com o tricô. Não me venham com comentários de haters que eu mando você pro YouTube ver vídeos da Miranda Sings. Certo? Certo.

Voltemos ao assunto.

Outro dia eu tava conversando com uma amiga minha que eu nunca consegui tecer nada com agulha retas (o que é uma mentira porque o meu primeiro e único projeto feito na reta foi um cachecol, mas enfim). Confesso que quando a curiosidade em mim bateu pra começar o tricô, eu escolhi as agulhas retas para testar, pois essa é imagem que criamos do artesanato na nossa infância.

Contente - e iludido - saí saltante para a loja de aviamento da cidade onde eu morava na época (Fukuoka). As lojas de artesanato no Japão são enormes e parecem um grande supermercado onde você pega seu carrinho e sai às compras. Fiquei um pouco intimidado na época com o local, ainda mais por ser um ambiente onde 95% das clientes são mulheres. Bobeira da minha parte, eu sei.

Após achar onde as agulhas de tricô se encontravam, perguntas surgiram na minha cabeça. “O que são essas agulhas com cabos?”, “O que diabos são essas agulhas com duas pontas?”, “Pra que servem essas estacas, digo, agulhas enormes?”. Após vinte minutos matutando, acabei comprando um par de agulhas retas e, adivinhem só, nunca consegui fazer mais do que 5cm de trabalho nelas.

Frustrado e derrotado, fiquei um bom tempo sem tocar no tricô até que finalmente eu fui apresentado à mágica das agulhas circulares. A partir desse dia o meu mundo mudou e agora só trabalho em circulares, raramente em agulhas de dupla ponta e quase nunca em agulhas retas.

Resumindo o auê todo: estou fazendo esse post pra contar as vantagens, desvantagens e uso de cada tipo de agulha. Planejo dividir essa série de posts em três partes, onde neste post eu falarei sobre o tipo das agulhas (retas, circulares, duas pontas, etc), o formato das agulhas (a vantagem do formato redondo, do quadrangular, e qual a minha experiência com elas) e o material das agulhas disponíveis no mercado (desde o bambu até os de aço cirúrgico). Lembrando que isso é tudo do ponto de vista de um plebeu comum com formação em design industrial com foco em ergonomia.

1 - Agulhas retas

Acredito que as agulhas retas sejam as mais conhecidas no Brasil e no mundo. Quando a imagem da vovó tricotando sentada na cadeira de balanço vem à mente, a agulha que ela tá usando é, sem sombra de dúvidas, as retas. Apesar de serem as tradicionais - e alguns estilos de tricotar serem feitos em agulhas super compridas presas a um cinto próprio para o tricô - elas são as mais limitantes no quesito de trabalhos que podem ser tecidos por elas. Agulhas retas só podem tecer peças retas, pois você cria uma carreira indo no lado direito e voltando no lado avesso. Além disso, caso a agulha seja muito grande e tenha muitos pontos nela, o trabalho vai pesar e vai demandar muita força da sua mão e seu pulso, o que pode acarretar em dores e problemas nas juntas à longo prazo. A vantagem é que elas estão disponíveis em qualquer loja de aviamento e elas são as mais baratas.

(Agulha da foto: Clover Takumi Jumbo 12mm)

2- Agulhas circulares

Uma novidade pra mim quando comecei a pesquisar mais sobre o tricô foi a existência das agulhas circulares. Pelo nome, você deve pensar “Nossa, então eu só posso fazer trabalhos circulares nela?”, e a resposta é um belo não (não se preocupem, eu pensava assim também). Por permitirem tecer peças tanto peças retas e circulares e serem compactas, as circulares são as favoritas da maioria dos tricoteiros mais avançados. É possível colocar uma montagem de pontos relativamente grandes na agulha e ela não vai demandar esforço extra das suas mãos e dos seus pulsos - o trabalho fica descansando no seu colo enquanto você tricota. O único porém é que elas são mais caras do que as retas, além de serem mais difíceis de serem encontradas no Brasil. Se você mora no Brasil e queira se aventurar nas agulhas circulares, recomendo comprar da marca Círculo com cabo de aço, de no mínimo 80cm de comprimento. Elas são um pouco mais caras que as outras, mas o cabo é de alta qualidade e não vai te gerar frustrações no seu trabalho.

(Agulha da foto: Tulip Knina 80cm 5.1mm ou JP#10)

3 - Agulhas de duas pontas

Conhecidas como DPN (double pointed needles em inglês), elas são agulhas retas, curtas e, como o próprio nome diz, de duas pontas. Elas são tradicionais para tecer peças circulares, mas podem também fazer pequenas peças retas, como pano de prato e lenços de algodão. Particularmente eu as usava para fazer meias - e ainda uso ocasionalmente - mas há uma inconveniência onde você precisa ajustar as agulhas no mínimo três vezes por carreira, uma vez que quando se tricota com ADP’s (agulhas de pontas duplas) você precisa de no mínimo quatro delas para criar peças circulares. Infelizmente não posso dar muitas informações sobre a disponibilidade delas no Brasil, mas prometo manter todos atualizados quando eu der uma visitada aí.

(Agulhas da foto: Clover Takumi Double Pointed Needles 4.5mm ou JP#8)

Obviamente, cada pessoa é uma pessoa e cada uma tem suas próprias experiências e gostos. Deixe nos comentários abaixo suas agulhas favoritas e o porquê. Gostaria de ver outros pontos de vista sobre as nossas queridas agulhas.

Junji